segunda-feira, 27 de junho de 2011

Descrevendo o impossível




Sou como a sombra da árvore que reflete na água
Que se confunde com os flocos do céu
Sou uma mistura do real com o imaginário
Como um desenho tracejado no espelho do lago
A misturar folhas da copa e peixes do fundo
Num encontro desencontrado, mas, possível
Na minha raza razão



Michael Ribeiro

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Entrevista com o Sanfoneiro Cicinho de Assis

“Sobem vinte bandas no placo, todas a mesma coisa, tocando aquele ritmo” Cicinho de Assis.

Em entrevista com um dos mais importantes sanfoneiros da música nordestina atual, o saudoso Cicinho de Assis, artista que foi sanfoneiro de Gilberto Gil, Milton Nascimento, Maria Betânia e outros do mesmo naipe, na ocasião do Festival Internacional da Sanfona, nos falou sobre a música nordestina, suas nuances e experiências na vida musical.
Cicinho de Assis, de Senhor do Bonfim, interior baiano, atualmente desenvolve carreira solo com projetos ligados à música de raiz.
 

Michael Ribeiro - Quais são os maiores desafios que a música regional do Nordeste, dita de raiz, terá pela frente na sua concepção?

Cicinho de Assis - O desafio maior é a gente encarar esse negócio que tão dizendo que é forró, que é lambada, que fica plagiando nosso trabalho. Tem que acabar com isso. Pode colocar outro nome, um Merengue, sei lá, Salsa, outro nome... Agora Forró? Temos que enfrentar esse desafio aí. Eu não tenho nada contra, mas, eu só acho que não é forró.

Michael Ribeiro - Você foi, durante grande parte da sua carreira, sanfoneiro de artistas como: Milton Nascimento, Maria Bethânia, Ivete Sangalo. Qual foi a maior experiência na sua vida musical, um momento que mais marcou.

Cicinho de Assis - Pra mim todas as minhas experiências marcaram. Mas, desde o início o que mais marcou, é claro foi Gilberto Gil. Tive o prazer de tocar com ele durante cinco anos. Gravei o disco: “Eu, tu, eles”, tributo a Luiz Gonzaga e tive o prazer de gravar essas sanfonas com ele. Inclusive a música Esperando na Janela, que é do meu parceiro Targino Gondim. Gravei Ta rá rá rá rá ra ra rá, ta rá rá rá rá rá rá rá... Que na verdade já tinha essa formazinha de solo. Eu só mudei algumas coisinhas, gravei com outra roupagem. Isso marcou a minha vida... Viajei, conheci o mundo, claro com Gil. Então, fico muito agradecido. Sem contar que Gil é um astro, uma estrela brasileira, que é reconhecido no mundo inteiro. O músico que abre a boca e diz “toquei com Gil, dividi palco com Gil” eu acho que não tem palavras...

Michael Ribeiro - Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Elba Ramalho. Eles são os grandes ícones da música nordestina brasileira. Mastruz com Leite, Aviões do Forró, Calcinha Preta marcam um novo momento? Como você analisa a música do nordeste atual, divulgada na grande mídia?

Cicinho de Assis - Eu não dou nenhum voto. Isso não é forró, é uma modazinha que eles inventaram que logo passa. Sobem vinte bandas no placo, todas a mesma coisa tocando aquele ritmo. Eu não tenho nada contra. Só acho que essa idéia de eles dizerem que é forró está fora do nosso contexto. Eles estão na mídia porque tem gente que, coitados, gostam desse negócio, desse estilo aí. Como tem outros que gostam do pé-de-serra. Eu acho também que é como estou dizendo. Nossa cultura, nossa raiz tem que ser mais divulgada, tem que explorar mais. E eles, que têm dinheiro, como se diz “batem bala na agulha” com dinheiro pra bancar e aproveitam o forró com o estilo deles pra dizer que é forró, mas, não é.

Michael Ribeiro - Cicinho, você tem utilizado recursos modernos para a divulgação do seu trabalho, que é o caso do seu myspace.  Atualmente a internet é considerada como uma das maiores portas para o mundo da pirataria e muitos artistas, gravadoras tem grandes prejuízos de direitos autorais com ela.  Até onde a internet beneficia a carreira do artista?

Cicinho de Assis - Eu não tenho nada contra a internet não, porque está ajudando a gente a divulgar mais nosso trabalho. As gravadoras não estão mais fazendo nada como antigamente. A maioria das gravadoras faliu, então, só tem a internet pra divulgar nosso trabalho. É mais fácil cara. Eu não tenho nada contra. Apesar de que tem muita gente que está usando pra fazer outros tipos de coisas, pra fazer crimes, que eu sou contra. Mas, enquanto for pra divulgar uma coisa boa, que vai trazer bons resultados eu acho que não tem o que falar da internet.


Michael Ribeiro - Quais sãos os seus novos projetos e o que você espera da nova geração de instrumentistas nordestinos?

Cicinho de Assis - Meu plano para o ano que vem, é gravar um DVD instrumental, variando com a orquestra da câmara. É meu sonho. Fazendo esse trabalho com acordeom para expandir mais o acordeom, principalmente na Bahia. Como eu sou um acordeonista conhecido, estou aproveitando esse gancho. Essa safra tem muita gente boa, que ta chegando por aí. Por exemplo, uns meninos novos que estão vindo até mais novo que eu. Não sou tão velho assim não, mas, tem os meninos, o Mestrinho, o Cezinha, Meninão. A garotada ta chegando aí com força. Eu acho bonito, vem um futuro bom pra nós acordeonistas e pra esse povo, que não sabe o que é uma boa música.
O acordeom é um instrumento que é difícil você ver uma mulher tocando e é tão bonito. Você viu a Luciane do Clã Brasil? E ela deu um show. Eu fiquei muito feliz de ver e é melhor ainda porque fortalece o acordeom no Brasil.

Michael Ribeiro - Como começou seu primeiro contato com a sanfona e como foi o início da sua vida artística?

Cicinho de Assis - Minha carreira musical começou com a zabumba. Meu pai tocava sanfona e geralmente a sanfona no Nordeste é de pai pra filho. Desde os cinco anos, eu fui crescendo e ouvindo tocar. Depois eu vi Osvaldinho e Dominguinhos e foi aí que eu me dediquei... Comecei com a zabumba aos oito e na sanfona com uns dez a doze anos. Depois dessa época, eu passei pro teclado, porque a sanfona é como acabei de falar nesse instante, que o espaço era pouco, entendeu? Tive que tocar teclado e passei por várias bandas baile, porque a experiência está toda aí. Toquei vários estilos de música, tive que acompanhar. Eu sou na verdade aquele sanfoneiro que tem a cabeça mais aberta. Eu gosto de ouvir de cada coisa um pouquinho. Uma Bossa-Nova, um Merengue, um Samba. Eu gosto de tocar de tudo um pouquinho.

Michael Ribeiro - Qual a importância para a cultura regional de um evento como o Festival da Sanfona. Tendo em vista que é uma homenagem feita a um instrumento universal que é a sanfona?

Cicinho de Assis - Eu acho muito importante. A sanfona estava um pouco esquecida. A sanfona vem com o passar do tempo retomando seu rumo. Na Bahia, com o axé, o timbau, o berimbau pra sanfona é ainda mais difícil. E com esse projeto, que Deus abençoou, hoje está valorizando o instrumento, o acordeom. Nó sanfoneiros sempre tivemos essa vontade de expandir mais o acordeom na Bahia. E acho que tem que ser mais valorizado. As raízes, o forró, o baião têm seu lugar e tem que ser expandido ainda mais. A gente vê mais produções de bandas que não têm nada a ver com nossas raízes. Eu tenho certeza que daqui a uns cinco, dez anos, o evento irá fortalecer ainda mais. Ainda é pouco, mas, já está ta pegando. Eu fico muito feliz em estar participando desse II Festival Internacional da Sanfona.


Cicinho de Assis é de Senhor do Bonfim, interior baiano e atualmente desenvolve carreira solo com projetos ligados à música nordestina de raiz.

Michael Ribeiro
Jornalismo

sexta-feira, 17 de junho de 2011

UPE'Arte

Toquei uma, duas, três, quatro músicas e o barulho pairava no ar. Até que parei e ponderei: "O artista não é maior que sua obra... Esta, não pode ser vista ou tocada, somente ouvida e sentida". E a harmonia pôde ser contemplada na amplitude do espaço.
                            

                                            dia 15.06 (Universidade de Pernambuco)

quinta-feira, 16 de junho de 2011

O Velho Chico visto láaaaaaa de cima!

Paolo Nespoli, um astronauta italiano fotografou o Rio São Francisco em missão de 159 dias realizada no mês de maio à Estação Espacial Internacional(ISS).
O astronauta fotografou diversas paisagens do nosso planeta e o nosso Velho Chico foi um dos lugares enfocados, ficando ainda, mais belo quando contemplado pelo clique orbital de Nespoli.
A Estação Internacional que ainda está sendo montada opera em uma órbita baixa. Foi essa condição quem possibilitou a captação das imagens.
                                           Rio São Francisco



Mais fotos da missão:


Confira mais fotos no Blog do Astronauta
http://www.space.com/11144-stunning-space-photos-astronaut-paolo-nespoli.html


Michael Ribeiro

Vai ter Concurso de Quadrilhas...

No ano passado tive a alegria de prestigiar o concurso de quadrilhas de Petrolina que já acontece há mais de três décadas. ‘A festa é muito bonita’ e pelo que percebi, as equipes passam o ano inteiro se preparando para montar cada detalhe, ‘é de encher os olhos’.
A 38º edição promete ser ainda melhor, começando pelo local, será no ginásio do SESI enquanto que no ano passado aconteceu no SEST/SENAT e, diga-se de passagem ‘não couberam tantos curiosos na arquibancada’. As quadrilhas disputarão cinco premiações com troféus do Centro de Artesanato Ana das Carrancas: 1º, 2º, 3º Lugar, melhor gritador e até a melhor torcida será premiada.  
O evento contará com a participação de oito quadrilhas e acontecerá no dia 18 de junho, às 18h e a entrada é gratuita.

                                                                                             Foto: ASCOM/PMP
Equipes:
1 - Arraiá das Estrelas - José e Maria
2 - Explode Coração - João de Deus
3 - Balão Dourado - Pedro Raimundo
4 - Renascer do Sertão - Maria Auxiliadora
5 - Arraiá Arrochuá - Roçado
6 - Quente e Arrochado - José e Maria
7 - Danado de Bom - Vila Mocó
8 - Forró Xaxado - COHAB VI


Michael Ribeiro
Com informações da ASCOM/PMP

domingo, 12 de junho de 2011

"Quero tocar no Raiz e Remix Festival" Você quer?

Você quer tocar no Raiz e Remix 2011?
Inscreva sua banda na primeira etapa seletiva do grande Festival Cultural da região: Raiz e Remix Festival 2011.
Os  prazos já estão quase terminando, vão até o dia 13, segunda-feira. As inscrições devem ser feitas via internet, rápido e prático. Leia o regulamento e baixe sua ficha de inscrição no site do festival.

Inscreva-se:

REGULAMENTO:
RAIZ E REMIX:



quarta-feira, 8 de junho de 2011

Velho Samba da Ilha – Curta-metragem da região

O tradicional Samba de Véio da Ilha do Massangano em Petrolina vai ganhar as telas de exibição de curtas do mundo.
Com produção de Chico Egídio e parcerias, o documentário irá apresentar em seu lançamento no próximo dia 20/06 em Recife,  o samba de raiz da ilha, um ícone  da cultura ribeirinha local, que embora, tenha mais de cem anos ainda é desconhecida por muitos moradores da região.
O evento que acontecerá no Auditório da Livraria Cultura, no Paço Alfêndega / Recife(PE) às 19h, apresentará a exposição fotográfica “Ilha do Massangano – Retratos da Vida no Sertão do Velho Chico” e será a ocasião de lançamento do Raiz e Remix 2011.
O curta-metragem é de grande valhia para a região, tendo em vista a importância artístico-cultural que o Samba de Véio representa para o Sertão do São Francisco.



 Michael Ribeiro

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Saudade de mim - São João

Estamos nos aproximando do mais tradicional festejo do nordeste, o precioso São João. Sem sombra de dúvidas, é a festa que mais tem a ver com o nosso povo e com certeza, todo mundo tem sempre uma boa lembrança pra recordar nesse período. Isso explica o acelerar no peito de ansiedade.
Quem nunca pulou uma fogueira, ou nunca estourou uma bombinha acesa... Quem não comeu canjica e pamonha, milho assado na brasa não pode dizer que conhece o nordeste. Quem nunca experimentou da nossa felicidade não conhece a alegria da nossa gente que esquenta o frio de junho com uma simples fogueira acesa no terreiro, ou dançando um forrozinho ao som da sanfona, zabumba e triângulo.
O que acontece no São João é como mesmo diz Santana, uma grande “Saudade de mim”:

Saudade que eu tenho de mim
Eu levantava com o sol
A baladeira no pescoço
Bolacha e água no gordar

Saía pelo mundo afora
Sozinho livre a campear
Cantarolando sem ter hora
Sem pressa e sem querer voltar
                                                      Santana

O São João é especial para todo mundo, seja criança, com tantas brincadeiras pra fazer em uma só noite, seja para os jovens, quando ainda estão aprendendo a dançar com medo de chamar a moça ou sonhando casar com o primeiro amor pulando fogueira de mãos dadas, seja para as nossas mães que preparam as mais deliciosas comidas típicas ou nossos avós que nos contam tantas histórias enchendo nossa imaginação. O São João nos faz sentir nós mesmos.
Nessa época tudo remete à  natureza, ao campo, a vida simples do matingueiro, a beleza de ser criança. O São João nos remete a um mundo mágico onde o paraíso é o próprio lugar da gente, onde tudo é partilhado e o mais importante está enraizado dentro em nós, o orgulho de ter nascido e crescido aqui e assim.

Falava com as laranjeiras
Ouvia a voz dos animais
Abria e fechava porteira
Sem pressa e sem olhar pra trás

Banho de rio cachoeira
No engenho puxando alfinim
Correndo pela bagaceira
Que saudade que eu tenho de mim
                                                   Santana

Por fim fico me perguntando... “Se nós que estamos aqui sentimos tanta saudade de nós, imagino quem está distante, pelo mundo, como a ‘Asa Branca’ de Luiz, que bateu asas do sertão?”
Esse vídeo do grande sanfoneiro Rennan Mendes, é em homenagem àqueles que estão distantes daqui e que sente saudade de si mesmos.
O vídeo é emocionante!


quarta-feira, 1 de junho de 2011

Curso de Rapel, interessado? Será domingo(05)

Você gosta de adrenalina? Pratique rapel de forma segura!

Confira as fotos na Dutra, clique na foto e veja o álbum!



A Equipe de rapel Sertão Adventure realizará curso básico de Técnicas de Rapel com direito a certificado e manual.
Será nesse domingo(05) a formação da turma rapeleira 2011.
Local: Parque Municipal
Instrutor: Genebaldo
Taxa: R$ 50,00
Garanta sua vaga: (87) 8804 0660
Vagas limitadas.

Os Rapeleiros do Sertão Adventure encerraram o mês de maio com muita aventura.
A equipe se dividiu entre duas programações. Enquanto uma parte ficou na Ponte Presidente Dutra, a outra, foi para acampamento com trilhas e cachoeiras no interior da Bahia.

Michael Adventureiro